Oportunidade de participação na ementa em construção de seminário 'Extrativismo e Estética' que acontecerá no primeiro semestre de 2020 (PPGCOM/UFRJ 2020-1)
29/01/2020

Oportunidade para interessados participarem da ementa em construção de seminário a se realizar no primeiro semestre de 2020, a partir de 9 de março, nos Programas de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura-Artes da Cena da UFRJ bem como interessados em extrativismo, antropoceno, ruínas, fins de mundo e sua relação com estética desde o Modernismo até hoje em dia.

Sugestões, referências, comentãrios serão bem-vindos, especialmente no que se refere a uma bibliografia latino-americana e brasileira!

Para quem quiser participar do grupo de debate no facebook o link da página é https://www.facebook.com/groups/173932797264259/ .

EMENTA PPGCOM 2020-1

Profs. Denilson Lopes e Lucas Murari

Título : Extrativismo e Estética

Código para PPGCOM (Comunicação e Estética) e Código para PPGAC (Cena e Cultura)

Horário: Segunda-feira, 14hs/17hs

EMENTA

Muito tem se discutido sobre as consequências da atuação humana sobre o planeta tanto na modificação de sua paisagem, na destruição de espécies e na mudança climática. Ao nos focar numa experiência modernista, podemos olhar muito dos dilemas de hoje em dia, especialmente a partir de uma perspectiva extrativista, que entende as atividades praticadas pelo sujeito humano que envolvem a obtenção de produtos da natureza, como é o caso da extração mineral, vegetal e animal, que geram devastação e desequilíbrio,uma vez que sua fonte é exaurida. No que tange ao modernismo brasileiro, o café ocupa um lugar central, assim como antes ocuparam o açúcar, a borracha, ouro, diamante e talvez como hoje ocupam ainda centralidade, o ferro, o petróleo e a soja.

Longe de um estudo estritamente ecológico ou econômico, nos interessa se o debate da crise do Antropoceno, mais precisamente de um Plantationoceno (Donna Haraway) pode articular o elemento agrário que longe de configurar apenas uma dimensão arcaica ou mítica, certamente ela tem raízes coloniais e está no cerne da própria modernidade. Há uma Modernidade a partir do impacto na natureza bem como nas pequenas cidades, tanto como nas metrópoles, transformadas em cidades mortas, sob o longo tempo da decadência (Maria Arminda do Nascimento), o que pode configurar ruínas modernas, em que há o lento reconquistar da natureza.

Nosso recorte, portanto, se dará no campo da estética e do debate da arte, com especial interesse em que a contribuição latino-americana e brasileira possa ser dada criticamente para compreender as poéticas da materialidade que atravessam diversos trabalhos e que podem abrir um novo olhar para algumas obras contemporâneas.

BIBLIOGRAFIA CRÍTICA BÁSICA PROVISÓRIA:

ANDERMANN, Jens. Tierras en Trance: Arte y Natureza después del Paisaje. Santiago: Metales Pesados, 2018.

ARRUDA, Maria Arminda. Mitologia da Mineiridade. São Paulo: Brasiliense, 1990

BECKMAN, Ericka. Capital Fictions: The Literature of Latin America's Export Age. Minneapolis: University of Minnesotta Press, 2012. (metade)

BECKMAN, Ericka. Sujetos insolventes: José Asunción Silva y la economía transatlántica del lujo. Revista iberoamericana, vol. lxxv, núm. 228, julio-septiembre 2009, 757-772

BECKMAN, Ericka. Unfinished Transitions: The Dialectics of Rural Modernization in Latin American Fiction. Modernism/modernity, 2016, Volume 23, Issue 4.

DEAN , Warren. a ferro e fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. (introdução, caps. 1, 5, 7, 8, 9, 10, ?11)

DEMOS, Thomas J. Blackout: The Necropolitics of Extraction - http://dispatchesjournal.org/articles/blackout-the-necropolitics-of-extraction/

DEMOS, Thomas J. Against the Anthropocene: Visual Culture and Environment Today. Berlim: Sternberg Press, 2017.

DEMOS, Thomas J. Decolonizing Nature: Contemporary Art and the Politics of Ecology. Berlin: Sternberg Press, 2016.

GÓMEZ-BARRIS, Macarena. The Extractive Zone: Social Ecologies and Decolonial Perspectives. Durham: Duke University Press, 2017

GROSFOGUEL, Ramón. Do «extrativismo económico» ao «extrativismo epistêmico» e «extrativismo ontológico»: uma forma destrutiva de conhecer, ser e estar no mundo. Tabula Rasa [online]. 2016, n.24, pp.123-143.

HARAWAY, Donna. Antropoceno, Capitaloceno, Plantationoceno, Chthuluceno: fazendo parentes. Climacom, ano 3, n. 5, 2016. Disponível em: . Acesso em: 04 fev. 2019.

HARAWAY, Donna et allii Anthropologists Are Talking – About the Anthropocene, Ethnos, 81:3, 2016

HOYOS, HECTOR. Things with a History:Transcultural Materialism and the Literatures of Extraction in Contemporary Latin America. New York: Columbia University Press, 2019.

MIRZOEFF, Nicholas. Visualizing the Anthropocene. Public Culture. 26, p. 213-232, 2014.

MIRZOEFF, Nicholas. Não é o Antropoceno, é a cena da supremacia branca ou a linha divisória geológica da cor. Buala, 2017. Disponível em: .*Maria SERRES, MICHEL. O Contrato Natural

SERRES, Michel. O Contrato Natural. Lisboa: Instituto Piaget, 1990.

STEIN, Stanley. “Introdução” in:Vassouras. um Município Brasileiro do Café 1850 – 1900. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990.

WISNICK, José Miguel. A Maquinação do Mundo: Drummond e a Mineração. São Paulo: Companhia das Letras, 2018