O conteúdo desse portal pode ser acessível em Libras usando o VLibras


Ciência sem Fronteiras manda primeiros alunos para intercâmbio
14/12/2011

O aumento do número de estudantes brasileiros de graduação e pós-graduação no exterior e a maior presença de pesquisadores estrangeiros no Brasil, estimulados pelo Programa Ciência sem Fronteiras, deve repercutir na qualidade do ensino na universidade brasileira.

Essa é a expectativa do governo ao anunciar a partida dos primeiros alunos de graduação das áreas de tecnologia e engenharia para a temporada de um ano nos Estados Unidos. Até agora, há 616 com vagas confirmadas.

Para o presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Jorge Guimarães, já na volta desses estudantes, haverá "impacto na questão curricular". Segundo ele, é comum, em outros países, uma carga horária de mais estudos e menos tempo em sala de aula. "Lá é pouca aula e muito estudo", relatou. Guimarães calcula que a diferença se dá na proporção de 40 horas de aula no Brasil para 15 ou 16 horas de aula no exterior, por semana. A maior parte do tempo é preenchida com atividades em laboratório ou em biblioteca.

De acordo com o Índice Geral de Cursos (IGC), calculado pelo Ministério da Educação para mais de duas mil instituições de ensino superior do Brasil, cerca de 20% das universidades públicas e 50% das universidades privadas têm desempenho insatisfatório.

O presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Glaucius Oliva, também acredita que o Ciência sem Fronteiras possa alterar esse quadro, pois "tem efeito multiplicador" e "forçará" a rever o ensino. Ele lembra que as bolsas para jovens talentos e as bolsas para pesquisador visitante especial, a serem publicadas em editais conjuntos com as fundações estaduais de apoio e amparo à pesquisa, trarão quadros do interesse das universidades.

Além disso, o programa trará efeito sobre a cultura do ensino. "O acesso à universidade expandiu-se nos últimos anos. Precisamos dar qualidade e expor os estudantes a um ambiente de inovação", disse Oliva ao defender que "é possível fazer ciência e estar em ambiente produtivo. Eu quero que esses caras saiam para a indústria".

"A questão de ter o edital em fluxo contínuo significa que cada instituição pode se programar e definir as áreas estratégicas que deseja dar andamento nos próximos anos", acrescenta o presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), João Luiz Martins. Para ele, a publicação de editais será "fundamental para consolidar áreas de conhecimento, melhorar redes e trabalhar algumas áreas estratégicas que a gente precisa de apoio externo".

Na opinião da presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader, "o Ciência sem Fronteiras transcende a oferta de bolsa e chama a atenção para a necessidade de internacionalizar as universidades", diz referindo-se à exigência de que os candidatos estudem línguas estrangeiras, em especial o inglês. "Se o país quer ser competitivo, a língua inglesa tem que fazer parte da nossa cultura. O programa abre debate dentro das universidades brasileiras quanto à possibilidade de ter curso em língua inglesa", observou Helena Nader.

Editais - O governo lançou ontem (13) editais para selecionar estudantes brasileiros interessados em cursar o ensino superior no exterior. Os editais fazem parte do Programa Ciência sem Fronteiras e oferecem 12,5 mil bolsas para cursos de graduação em cinco países - Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Itália e França - e de tecnólogo no Canadá.

Todos os cursos serão oferecidos na modalidade sanduíche, aquela em que o aluno alterna o período de estudo entre o Brasil e o outro país.

Na cerimônia de lançamento, no Palácio do Planalto, a presidenta Dilma Rousseff também assinou o decreto que regulamenta o programa. Ela destacou a importância da qualificação dos profissionais para futuramente atuarem no Brasil. "Nossos desafios são grandes, o Brasil é um país complexo, precisamos enfrentar nossas dívidas históricas, como a extrema pobreza e a elevação da competitividade da nossa economia, por meio da ciência e tecnologia."

O período de inscrição vai até 15 de janeiro de 2012. A previsão é que a partir de março do próximo ano os estudantes estejam nos países para os quais foram selecionados. Os estudantes que tiverem bom desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e se interessem em concorrer às bolsas terão acesso a cursos de idiomas no Brasil. Após selecionados, podem cursar de seis a oito meses do idioma no país em que são bolsistas.

Os Estados Unidos deve oferece 18 mil bolsas para os brasileiros, até 2015, e os demais países, 10 mil bolsas cada um.

O ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, disse que a partir de 2012 também serão ofertadas bolsas em países como Holanda, Bélgica, Portugal, China, Índia e Japão. Entre as áreas prioritárias do programa estão engenharias, nanotecnologias, física, química, computação, petróleo, gás e carvão mineral.

O ministro da Educação, Fernando Haddad, destacou que o objetivo do programa é que as bolsas atendam estudantes de todas as classes sociais. "Queremos mandar para o exterior a elite intelectual seja ela pobre ou rica."

Também foram lançados dois outros editais para trazer ao Brasil estrangeiros ou brasileiros que atuam no exterior. O programa Atração de Jovens Talentos (BJT) quer buscar jovens pesquisadores residentes no exterior, preferencialmente brasileiros. Já o Pesquisador Visitante Especial (PVE) prevê o intercâmbio em pesquisas por meio de parceria com lideranças internacionais.

O Programa Ciência sem Fronteiras prevê a concessão de até 101 mil bolsas de estudo no exterior em quatro anos, das quais 75 mil apoiadas pelo governo e 26 mil pela iniciativa privada. Entre as modalidades de bolsas estão graduação sanduíche, educação profissional e tecnológica e pós-graduação.

Em janeiro de 2012, 1,5 mil estudantes já selecionados em edital anterior do programa embarcam para cursos nos Estados Unidos. As informações estão no site www.cienciasemfronteiras.gov.br.
(Agência Brasil)

Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga. Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga.